Atravessando
- Adriane Salik
- 17 de mai. de 2018
- 1 min de leitura
Existem situações de vida que implicam em atravessar, simplesmente, sem questionamentos, sem avaliar seus medos, te "diz" simplesmente VAI. Assim como, parece que a vida não dá muita atenção aos nossos desejos, sonhos e aspirações... Ela insinua, joga e faz o que quer de você, parece ser um movimento independente, autônomo... A máxima "onde há vontade há um caminho" na maioria das vezes não possui nenhum sentido quando a morte leva alguém amado, quando precisa urgentemente de um emprego, ou quando algo te interrompe. Aí não basta vontade, pois mesmo que ela esteja presente a marola da vida vai te levar para onde ela queira, independente de quantas braçadas der. Fazer força contrária só te levará a exaustão. De que maneira se manter na superfície quando a vida está num movimento descendente? Como manter a visibilidade se de alguma forma tudo fica opaco e nebuloso? Como continuar tendo vontade, no sentido de Schopenhauer, se a correnteza está contra? Ouvi certa vez um ensinamento budista tibetano que a vida faz picadinho da gente, e que precisamos estar prontos para sermos picados, tal como Dioniso, picado, cozido e costurado... Neste mar da vida tudo é muito maior que nós, precisamos contemplar a nossa pequenez, mais uma vez. Não no sentido de não nos aventurarmos, mas no sentido de encontrar conforto no atravessar, incessante. Continue dando braçadas!
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